quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Luta permanente

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


A ideia do Brasil inviável, improvável, insustentável, tem raízes antigas, traduz uma imensa luta teórica, política, ideológica que o acompanha desde os seus primórdios de nação independente, estendendo-se aos conturbados dias que vivemos na atualidade.

Que simboliza, em termos gerais, a disputa entre segmentos que de um lado pelejam pelo protagonismo do País através da sua autonomia econômica no cenário internacional das nações, com um desenvolvimento sustentado em políticas que impulsionem através de um Estado dinâmico o progresso social, erradicando os males dos abismos sociais históricos, que alavanque o desenvolvimento científico, tecnológico, industrial, educacional etc.

Já do outro lado estão os setores que por interesses financeiros, econômicos, alinham-se a uma ideia de um cosmopolitismo subalterno e dependente para o Brasil.

E para tanto repudiam o protagonismo do Estado nacional moderno, contemporâneo com o seu tempo e exigências de cada período histórico, introduzindo em seu lugar uma visão globalista de gestão dos negócios como se a mola que impulsiona as relações econômicas, comerciais, diplomáticas entre os Países acontecesse sob bases equânimes e não extremamente competitivas, quando não imperialistas.

Os grandes arcos de alianças estratégicas que dão rumos aos processos de confluência aos projetos de desenvolvimento do País sempre foram alvos dos segmentos avessos ao protagonismo da nação soberana, industrializada, desenvolvida.

Em períodos recentes testemunhou-se a aplicação na prática da versão do Brasil subalterno contra a revolução de 1930, a gestão nacionalista em 1950 de Getúlio, o governo desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek, as reformas de Jango. E desde 2002, a tenaz articulação desestabilizadora para impor à nação a ortodoxia neoliberal, privatista, fundamentalista do Mercado.

Hoje em um contexto de crise capitalista global, que também atinge seriamente o País, os adeptos da subalternidade, dependência, atuam mais uma vez através de uma linha antidemocrática, golpista.

Assim, cabe aos setores representativos das grandes maiorias nacionais a tenacidade, a visão do contínuo histórico, a lucidez política na costura de amplo pacto social, político, em favor da democracia, do desenvolvimento estratégico e soberano do Brasil.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

A viragem necessária

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


Vivenciamos um contexto que vem acumulando uma série de fatores negativos extremados provocando um cenário adverso às condições de vida dos cidadãos, povos e nações seja em função do agravamento da crise capitalista tanto como do modelo civilizatório imposto nas últimas décadas pelas forças do Mercado financeiro.

É instigante a afirmação do editorial no Observatório da Imprensa escrito pelo jornalista Alberto Dines, de que: vivemos numa espécie de Estado Digital - e global, sob a batuta do capital especulativo, acrescento - composto por segmento ativíssimo, pretensamente ilustrado, autocentrado, absolutamente impermeável às dúvidas, massificado, monolítico que não admite ponderações ou nuances, “tudo irremediavelmente claro e equivocado” segundo o poeta Affonso Romano de Santana.

São condições propícias ao ressurgimento de um nazifascismo adequado à continuidade das políticas neoliberais, às diretivas da Nova Ordem mundial, que apesar do crescente protagonismo dos Países que compõem os BRICS, Brasil, Rússia, índia, China e África do Sul, ainda mantém sob imposições fatídicas a supremacia conquistada no inicio dos anos 90 passados.

É um conflito que exige desenlace objetivo entre o velho que carrega consigo um oceano de guerras de rapina, decréscimo dos grandes valores universais, crise civilizacional, que teima em permanecer dominante versus o que é a alternativa concreta para novas relações geopolíticas efetivamente democráticas, civilizadas, mas que não acumulou ainda as condições necessárias para a viragem necessária.

Através do emprego de todas as formas possíveis de instrumentos de chantagem e coerção para manter-se hegemônica a Nova Ordem e o capital rentista com seus recorrentes ataques especulativos contra as nações, como ocorreu com o Brasil dias atrás, é que se aguçam os elementos de confrontos e crise de uma Ordem falida, selvagem, com traços fascistóides, belicistas, intolerantes contra a emergência dos anseios democráticos dos Países, comunidades e cidadãos.

Ao Brasil que nos últimos meses vive um processo de desestabilização estimulado interna e externamente cabe lutar pela sua soberania, os valores democráticos, a legalidade constitucional, todos sob graves ameaças, e um novo projeto estratégico de desenvolvimento econômico, social.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Três valores

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


Num mundo conturbado por guerras de rapina, terrorismo financeiro, político, onde se abate sobre os povos a mais ampla e proposital confusão de rumos ao espírito dos indivíduos, sociedades, nações, adquirem alta dimensão três valores universais fundamentais.

O primeiro deles é a reafirmação do Estado nacional sem o qual é impossível prosperarem os demais elementos imprescindíveis ao convívio social sob a égide do progresso humano, à continuidade sob bases elevadas do patrimônio da riqueza natural de um povo, assim compreendida como os elementos que compõem o meio ambiente e a sua utilização racional, de forma civilizada para o crescimento da nação.

Sem Estado desintegra-se a sociedade nacional que garante o sentido da sua existência, há risco de fragmentação da territorialidade, da cultura, formação antropológica, a memória cultivada em desenvolvimento permanente, especialmente nos Países de história recente como o Brasil.

Na atual era da globalização do capital financeiro, com seus métodos adequados aos movimentos insaciáveis do rentismo, ataques especulativos à riqueza dos Países, a destruição dos Estados nacionais parece bem mais que uma estratégia financeira ou militar pré-determinada, mas uma certa condição “natural” sistêmica predatória.

No frenesi da globalização neoliberal a máxima dos seus teóricos era a de que marcharíamos para um governo mundial. O que não estava claro para eles era se isso aconteceria através do consenso ou pela imposição de fatores financeiros, administrativos e militares.

Os efeitos colaterais de tal concepção megalômana, intervencionista contra a autodeterminação dos povos, nações, estão à vista de todos com a aniquilação de Países, alguns de tradições culturais milenares como o Iraque, Líbia, Síria, que resiste, e no continente africano.

Milhões de refugiados vagando pelas estradas, mares cujas consequências ainda estão longe de serem assimiladas e centenas de milhares de cidadãos trucidados em guerras intervencionistas, conflitos tribais minuciosamente estimulados, crise econômica global etc.

Os outros dois valores que associam-se à centralidade da soberania nacional do Brasil são os princípios indeclináveis das liberdades democráticas e do progresso social através do desenvolvimento econômico do País sob bases mais avançadas.

sábado, 10 de outubro de 2015

Aldo Rebelo toma posse no Ministério da Defesa


O novo ministro da Defesa, Aldo Rebelo (PCdoB), recebeu nesta quinta-feira (8) o cargo das mãos de Jaques Wagner e, em cerimônia no Clube Naval, em Brasília, citou a “crise de valores” que atinge o país e pediu respeito à disciplina e a hierarquia.

“O Brasil e o mundo se deparam hoje, e todos nós percebemos isso, com uma crise de valores, a exacerbação do individualismo da sociedade de consumo e o desconhecimento da autoridade, da disciplina e da hierarquia”, disse o ministro.
“Quando o mundo marcha em extremismos de individualismo, a sociedade precisa procurar e recuperar os valores mais profundos da sua construção. Não se constrói uma sociedade sem disciplina, hierarquia, sem solidariedade e sem o espírito de camaradagem, comum nas instituições militares”, acrescentou Aldo nesta quinta.
Em um dos trechos de seu discurso, Aldo afirmou aos comandantes e representantes das Forças Armadas que Marinha, Exército e Aeronáutica precisam responder aos “desafios geopolíticos” e, ao defender a hierarquia e a disciplina, disse que isso não pode significar a “negação” da democracia.
“A sociedade precisa de coesão, disciplina e hierarquia. Precisa ser forte, sem que isso signifique a negação da democracia, das disputas naturais entre os partidos, entre grupos políticos. Essas disputas não podem sufocar o interesse nacional”, declarou.
Ao dirigir-se aos presentes, o novo ministro da Defesa disse que as Forças Armadas precisam preservar os valores democráticos e, pediu às Forças Armadas a “preservação das instituições”.
“O que nós precisamos é que o Brasil tenha Forças Armadas que tenham esses valores [democráticos], mas é necessário que as Forças Armadas pertençam ao país e também preservem esses valores nas demais instituições. Este é o nosso desafio”, completou.
Na cerimônia de passagem de cargo do Ministério da Defesa, Aldo Rebelo prometeu apoiar “cada uma das agendas estratégicas das Forças”. 

Rebelo citou nominalmente projetos como o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), da Marinha; o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), do Exército; e o FX-2 para aquisição dos caças Gripen da Aeronáutica, ressaltando a importância deles para o fortalecimento da soberania brasileira. E completou: “Desejo assumir, também, alguns compromissos, como a valorização institucional da agenda da Defesa, no sentido de buscar, na sua dimensão civil e militar, a legitimação e a legitimidade junto ao Poder Executivo, Legislativo e à sociedade”.
Em solenidade concorrida, Aldo Rebelo enalteceu a história de fundação das Forças Armadas e fez questão de elencar algumas conquistas das três instituições. No caso da Marinha, destacou a Batalha do Riachuelo. “Ali, ao vencer a Armada Paraguaia, o Brasil e a Força Naval abriram caminho para o progresso das forças terrestres”, disse. Prometeu, ainda, atualizar o Projeto Nacional de Domínio do Ciclo Nuclear, além de “lutar para preservar a capacidade operacional da nossa Esquadra”.
Já para o Exército, ressaltou que a Força nasceu nos idos do nacionalismo do País. Citou o “Exército da luta pela independência, que nos deu essa heroína única de convicções e de bravura, Maria Quitéria. O Exército de Duque de Caxias e da consolidação da República”. De acordo com o ministro, não era preciso fazer mais referências “a esta instituição para atualizar a memória da sua importância e dos seus compromissos com o Brasil”.
Por fim, sobre “a mais jovem das Forças”, a Aeronáutica, lembrou que aviadores brasileiros “deixaram nos céus da Europa o tributo de sangue para que o mundo vivesse em liberdade”. “À Força Aérea, nós devemos o Correio Aéreo Nacional, que era muito mais que correio. Era a instituição integradora de um País sem logística, separado pelas distâncias”, lembrou. 
Também na cerimônia, o ministro Aldo Rebelo comprometeu-se a trabalhar para que uma parte dos recursos oriundos do fundo social do pré-sal (dos 50% restantes ainda não regulamentados) seja destinada para as Forças Armadas. À frente do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Rebelo negociou com o governo federal para que o sistema de ciência e pesquisa recebesse parte desses recursos. “Vou propor que as Forças Armadas também tenham uma participação”, acrescentou.
Rebelo deixou claro que está ciente do tamanho da responsabilidade em chefiar a pasta. “É uma alegria poder encontrar um Ministério da Defesa com agenda compatível com os interesses do Brasil e com o fortalecimento desta instituição. Sei do que pesa sobre meus ombros ao conduzir os destinos, ao liderar a perspectiva e o futuro dos seus servidores civis e suas instituições militares”, salientou.
O ministro finalizou seu primeiro discurso como Ministro da Defesa enaltecendo o trabalho da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. “O Brasil precisa de Forças Armadas que correspondam aos desafios geopolíticos. Precisa ter Forças compatíveis com o seu tamanho.”

Superação

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


A vida das nações, sociedades, indivíduos é uma permanente batalha pela superação das vicissitudes na busca de horizontes para a coletividade no sentido do aperfeiçoamento, aproveitamento das potencialidades às grandes maiorias que formam a sociedade nacional.

Esse é o sentido essencial da luta política, das formas que adquirem os projetos nacionais, aglutinam os povos na busca das grandes causas que empolgam os Países na construção do presente, sonhos do futuro.

É possível citar na História do Brasil, períodos que uniram o povo em torno das esperanças que transformaram a face da nação, mesmo incompletas, porque apesar dos avanços, elementos essenciais ao desenvolvimento não aconteceram em sua plenitude.

A proclamação da República mudou a nossa História para um regime mais avançado deixando, no entanto, resquícios de um passado superado e com o passar dos tempos não foram totalmente abolidos mas cujos esforços para ultrapassá-los sempre caracterizaram as grandes reinvindicações da sociedade nacional.

A revolução de 1930 foi um marco de ruptura com a velha república, as formas atrasadas do mando político, econômico que impediam que o País pudesse efetivamente dar grandes saltos na industrialização econômica.

E com isso viabilizando saltos em suas estruturas industriais além da consolidação dos direitos dos trabalhadores mesmo que nesses tempos da globalização financeira neoliberal sempre venham buscando o retrocesso através de uma falsa pós-modernidade cuja marca central tem sido a destruição dos diretos sociais, a anulação do protagonismo das nações no cenário geopolítico mundial.

No governo Juscelino com a máxima do desenvolvimento do País em 50 anos com seus 5 anos de mandato, trouxe ao Brasil um cenário de otimismo que contaminou a vida nacional inclusive o mundo da cultura.

As reformas do governo Jango galvanizaram grandes anseios sociais reprimidos cujo desfecho em plena Guerra Fria, por parte das forças retrógradas, trouxe graves retrocessos aos saltos imprescindíveis. Hoje, o País vê-se diante da encruzilhada: avançar no desenvolvimento econômico, social ou retroceder às pressões dos grupos perniciosos do Mercado.

Só com a existência da nação plenamente soberana, as grandes maiorias podem almejar a superação das dificuldades, um País solidário, próspero.