sábado, 29 de janeiro de 2011

O Armagedom iminente

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no Santana Oxente:


Vou me convencendo cada vez mais da alta capacidade científica e analítica de determinados âncoras da TV a cabo a que eventualmente assisto premido pela necessidade da informação, mesmo que desconfie da possibilidade de vir a ser desinformado, de má fé, e em alta resolução tecnológica.

E eis que essa mídia de última geração aparece com uma apresentadora de variedades, destacada para ser agradável e convincente, e só consegue ser chata e porta-voz do “politicamente correto”, com uma nova opinião sobre as causas das tragédias na região serrana do Rio de Janeiro.

Ao explicar aos telespectadores os fatídicos acontecimentos ocorridos naquela região atingida por chuvas intensas e prolongadas que provocaram enchentes e desmoronamentos com dezenas de milhares de desabrigados e centenas de mortes, desconfio, infelizmente, que até mais, a citada âncora vespertina aborda o “aquecimento global”.

De acordo com ela o horrível tsunami acontecido há algum tempo atrás na Indonésia, a catástrofe em Nova Friburgo e outras cidades possuem a mesma origem, o aquecimento global.

Assim ficamos sabendo que uma região abalada por terremotos nas profundezas oceânicas provocando ondas terríveis que chegam ao litoral nada tem a ver com atritos, divergentes ou convergentes, de placas tectônicas que remontam à formação da Terra, como explica a Geologia.

A âncora “politicamente correta” afirma “que não há propriamente um aumento das chuvas, ou de ondas gigantescas, mas é que elas estão se concentrando e desabando sobre uma única região, por causa do aquecimento global”. Com isso ela “exime” de todas as responsabilidades governamentais os problemas estruturais de infra-estrutura, habitação etc.

Esta é uma época contrária ao pensamento universal. Seja ele associado aos filósofos gregos, aos iluministas, aos enciclopedistas franceses, à dialética contemporânea, hegeliana ou marxista, quando na filosofia ou ciência o que orienta é a busca do todo para se compreender as partes. Atualmente o que vem sendo dominante é um olhar temático, fatiado, de mundo, primordialmente no campo das ideias, agendado através de um bilionário centro internacional de difusão hegemônico.

A fragmentação das ideias e da sociedade, ilhada em corporações, amesquinha o pensamento humano, as grandes causas humanas, científicas, nacionais ou sociais. Por isso é que ressurgem, protegidas por uma falsa ciência, notícias recorrentes de um Armagedom quase que iminente.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Patrice Lumumba: 50 anos da morte de um dos maiores líderes pela independência nacional na África


Admirado e homenageado em todo o mundo pelos que lutam pela liberdade e soberania de seus povos e de sua pátria, o congolês Patrice Lumumba preso, torturado e assassinado há cinquenta anos, em 17 de janeiro de 1961, aos 35 anos, foi uma das principais lideranças pela libertação de suas nações do colonialismo na África e um dos primeiros chefes de estado pós-independência. Herói ao lado de Kwame Nkrumah, Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Eduardo Mondlane, Samora Machel.

Desde muito jovem participou ativamente das lutas anti-colonialistas de sua terra, o Congo Belga. Depois de haver sido eleito presidente do Sindicato Independente dos Trabalhadores Congoleses, em 1958 fundou o Movimento Nacional Congolês (MNC), o maior partido nacionalista congolês e o único constituído em bases não tribais.

Em dezembro do mesmo ano, ao se pronunciar na primeira Conferência dos Povos Africanos, em Accra, capital da recém-independente Gana, como membro da delegação do MNC, destacou-se pela clareza com que defendeu as idéias pan-africanas de unidade contra o colonizador, juntando-se a outros líderes africanos que se destacavam na torrente com que o conjunto dos movimentos nacionais avançava para romper o jugo a que os países europeus haviam submetido o continente africano. Ao lado de Lumumba, Kwame Nkruma, da recém-liberta Gana, Tom Mboia, líder do Kenia; Sekou Touré, da Guiné; Julius Nyerere, da Tanzania.

Logo após seu retorno ao Congo, acelerou-se a luta pela independência, conquistada dois anos depois. Desde os primeiros passos em seu combate, o dirigente congolês visualizou a questão fundamental para a garantia da libertação nacional do colonialismo: a unidade da nação em formação, acima das disputas tribais. A concepção clara da dignidade nacional, da necessidade de cimentá-la acima das divisões étnicas e tribais, lhe valeu o ódio dos colonialistas e da casta dominante do imperialismo americano, que desejava substituí-lo.

A expressão que adquiriu com rapidez, o estímulo com que conduziu os demais na luta pela independência fez com que, nas negociações em Bruxelas, a delegação congolesa exigisse a sua presença. Lumumba se encontrava preso – acusado de incitar “a desobediência civil” durante as manifestações de massa pela independência em outubro de 1959 - e os belgas tiveram que tirá-lo da cadeia diretamente para o avião de onde ele iria dirigir o processo de libertação na sua fase final: as negociações em Bruxelas até a assinatura dos protocolos que especificavam a data para a entrega do poder a um governo congolês, que viria a ter Lumumba no comando, no posto de primeiro-ministro.

O seu discurso no dia da independência, 30 de junho de 1960, permanecerá nos anais da diplomacia mundial como uma peça oratória magnífica, em que o jovem dirigente africano, na presença do rei Balduíno, da Bélgica, e de outros dignitários estrangeiros, denunciou abertamente os crimes hediondos do colonialismo belga sobre o povo congolês e traçou as perspectivas do futuro Congo, liberto da dominação estrangeira.

Como primeiro-ministro foi um líder de grande estatura. Em seu discurso na abertura da Conferência Pan-africana realizada na capital de seu país, Leopoldville, em 25 de agosto de 1960, Lumumba defendeu a unidade e solidariedade dos países africanos em sua luta pela independência e sua consolidação como nações soberanas.

Em setembro desse mesmo ano Lumumba foi afastado pelo presidente Kasavubu, apoiado pelos Estados Unidos e por militares golpistas comandados por um certo coronel Mobutu. Em novembro é preso e, a 17 de janeiro de 1961, depois de meses de detenção ilegal, é barbaramente torturado e assassinado.

O próprio Senado dos Estados Unidos, que investigou as atividades dos serviços de “inteligência” norte-americanos, descobriu que a CIA organizou em agosto de 1960 - o Congo era independente há apenas dois meses! - uma conspiração com o “objetivo urgente e prioritário” de assassinar o primeiro-ministro congolês. Para Allen Dulles, o então diretor dos serviços secretos norte-americanos, Patrice Lumumba era “um perigo grave” a ser eliminado.

O afastamento de Lumumba da chefia do governo, sua prisão e seu assassinato foram o resultado conjugado dos interesses do colonialismo belga - que, apesar da independência do Congo, pretendia continuar a explorar a seu bel-prazer as riquezas do país - e da intervenção do imperialismo norte-americano, através da CIA - o jovem primeiro-ministro era considerado por Washington um “esquerdista”, simpatizante da União Soviética -, coniventes com setores da burguesia congolesa que não hesitaram em trair o seu povo e aliar-se à dominação estrangeira.

Já preso, poucos dias antes de seu assassinato, Lumumba escreveu uma carta de despedida à sua mulher Pauline, em que reafirma a sua confiança no futuro. São belas e comoventes, mas cheias de esperança, essas breves palavras, publicadas mais tarde pela revista “Jeune Afrique”:

“(…) Não estamos sós. A África, a Ásia e os povos livres e libertados de todos os cantos do mundo estarão sempre ao lado dos milhões de congoleses que não abandonarão a luta senão no dia em que não houver mais colonizadores e seus mercenários no nosso país. Aos meus filhos, a quem talvez não verei mais, quero dizer-lhes que o futuro do Congo é belo e que o país espera deles, como eu espero de cada congolês, que cumpram o objetivo sagrado da reconstrução da nossa independência e da nossa soberania, porque sem justiça não há dignidade e sem independência não há homens livres.

Nem as brutalidades, nem as sevícias, nem as torturas me obrigaram alguma vez a pedir clemência, porque prefiro morrer de cabeça erguida, com fé inquebrantável e confiança profunda no destino do meu país, do que viver na submissão e no desprezo pelos princípios sagrados. A História dirá um dia a sua palavra; não a história que é ensinada nas Nações Unidas, em Washington, Paris ou Bruxelas, mas a que será ensinada nos países libertados do colonialismo e dos seus fantoches. A África escreverá a sua própria história e ela será, no Norte e no Sul do Sahara, uma história de glória e dignidade.

Não chores por mim, minha companheira, eu sei que o meu país, que sofre tanto, saberá defender a sua independência e a sua liberdade.

Viva o Congo! Viva a África!”.

Para os revolucionários do século XXI na África e em todo o mundo, que hoje continuam a lutar em condições diferenciadas contra a dominação imperialista e a exploração capitalista, Patrice Lumumba continua bem presente com o seu exemplo de patriota e combatente pela liberdade. E são de uma enorme atualidade as ideias que defendeu generosamente e pelas quais deu a vida - a urgência da independência nacional e da genuína soberania para todos os países, a unidade africana, a luta intransigente contra o colonialismo e o neocolonialismo, o combate pela emancipação social dos povos.

sábado, 22 de janeiro de 2011

José Martí, 120 anos de “Nuestra América”

                                                 Homenagem a Martí no Parque Central de Havana

José Martí, escritor, poeta e herói da independência cubana, publicou em janeiro de 1891, no jornal mexicano El Partido Liberal, seu texto “Nossa América” em que fala da identidade latino-americana e propõe a união dos povos do continente como caminho contra a opressão e dominação colonial e imperialista.

Grande intelectual que considerava de fundamental importância a batalha de idéias, e que inspira até hoje sucessivas gerações do povo cubano e latino-americano, morreu em combate pela independência de Cuba. Seu pensamento transcendeu as fronteiras da Ilha para adquirir caráter universal.

Martí em “Nossa América” defendia o conhecimento profundo da realidade dos países que se constituíam com a independência. Afirmava: “Governante, num povo novo, quer dizer criador”.

“... No jornal, na cátedra, na academia, deve-se levar adiante o estudo dos fatores reais do país. Basta conhecê-los, sem vendas nem disfarces; pois aquele que, por vontade ou esquecimento, deixa de lado uma parte da verdade, tomba, afinal, vítima da verdade que lhe faltou. E cresce na negligência e derruba aquele que se levanta sem ela”.

“A história da América, dos incas para cá, deve ser ensinada minuciosamente, mesmo que não se ensine a dos arcontes da Grécia. A nossa Grécia é preferível à Grécia que não é nossa. Nos é mais necessária. Os políticos nacionais substituirão os políticos exóticos. Enxerte-se em nossas repúblicas o mundo; mas o tronco terá que ser o de nossas repúblicas. E cale-se o pedante vencido; pois não há pátria na qual o homem possa ter mais orgulho do que em nossas doloridas repúblicas americanas”.

Para ler o texto completo de José Martí, veja em: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=11&id_noticia=145855

Jornalista, poeta, escritor, tradutor, escreveu sobre política, literatura, arte, educação, numa vasta obra. Aliou seu espírito revolucionário à sua pena. Fundador da literatura hispano-americana e do modernismo na América Latina, deixou 507 poemas, além de novelas e dramas que influenciaram gerações de escritores. A canção “Guantanamera”, talvez a mais popular música latino-americana, do compositor cubano Joseíto Fernandez, tem como letra versos dos “Poemas Singelos” de José Martí.

Em viagem a Cuba em março de 2010, tivemos a oportunidade de visitar o mausoléu de José Martí, no cemitério Santa Ifigenia em Santiago de Cuba. Homenageado com troca de guarda de honra a cada meia hora, seu túmulo recebe inúmeras visitas, tanto de turistas, como de viajantes e cubanos, a quem é feita uma explanação a seu respeito, ao pé de sua escultura, com destaque para seus versos “Não me deixem morrer no escuro como um traidor. Sou bom e como bom, morrerei de cara ao sol”, razão das homenagens ali serem feitas a ele desde o raiar até o por do sol.

                   Tumba de Marti rodeada pelos brasões das nações latino-americanas, dentre os quais o do Brasil.

Sobre Martí, leia, de Sidnei Shineider, o ensaio “José Martí: singelo vigor de aço”, em http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=11&id_noticia=145898

Alguns de seu poemas em: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=11&id_noticia=145909

As tragédias e as reformas

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no SantanaOxente:


A tragédia que se abateu sobre a região serrana do Estado do Rio de Janeiro, culminando com a morte de mais de 700 pessoas, é mais um dos capítulos de uma longa e muitas vezes fatídica novela que vem se arrastando há décadas, principalmente, mas não só, nas capitais e grandes cidades do País.

Deixando ao largo, temporariamente, as discussões sobre as relações entre causa e efeito desses acontecimentos dramáticos e as teorias sobre o aquecimento global, melhor é abordar questões mais concretas sobre os problemas sociais e da habitação no Brasil.

Em recente artigo escrito em 31 de dezembro, intitulado “O fenômeno e os imensos desafios” falei sobre o óbvio, ou seja, o que não requer conhecimento especializado ou profundidade acadêmica, mas a elementar observação da realidade nacional.

Nesse texto sobre o novo governo da presidenta Dilma dizia que ela herdava um estágio de crescimento econômico acentuado com a incorporação de dezenas de milhões de brasileiros no mercado formal de trabalho e políticas públicas que provocavam a inclusão de milhões de brasileiros retirando-os das faixas de miséria absoluta ou relativa.

Que os seus desafios seriam imensos no combate às desigualdades sociais, às desigualdades regionais, à brutal concentração da renda que persiste, na educação, saúde, infra-estrutura etc.

A catástrofe no Rio de Janeiro, e outros Estados em menores proporções, a neurose recorrente dos paulistanos com enchentes e alagamentos, possuem raízes bem mais concretas que a cruzada ideológica internacional contra o propalado aquecimento global.

A origem desses episódios, inclusive as devastações das cidades interioranas em Alagoas e Pernambuco no ano passado, encontra-se exatamente nos problemas estruturais jamais enfrentados e resolvidos.

A ocupação dos morros, margens de rios etc, pela população mais pobre, não é uma predileção pelo perigo, mas a necessidade imperiosa de se estar perto do mercado de trabalho. O Brasil cresceu muito nesses anos, mas ainda é muito, mas muito desigual mesmo. Precisa de urgentes reformas urbanas e rurais.

O crescimento econômico impõe mais ainda a execução de um avançado projeto social de linhas definidas e operantes. Os êxitos da era Lula não devem reproduzir, também nas esquerdas, uma visão unilateral e ufanista de gestão incontestável, acabada. Ou se pode perder o senso da realidade.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Ricardo Cabus inicia 2011 com Bukowski Blues


Nosso amigo Ricardo Cabus e o Instituto Lumeeiro realizaram no último dia 11 de janeiro, no BomBar, na Jatiúca, um evento que antecede seu primeiro Papel no Varal de 2011, que está programado para o dia 25/01, no mesmo local.

Foi o Bukowski Blues, uma leitura de poemas de Charles Bukowski por Ricardo Cabus, regada com uma seleção de clássicos do blues interpretados por Atiba Taylor e Ricardo Lopes, com a participação especial do músico norueguês Rolf-Eric Nistrom.

Nossos parabéns ao amigo Cabus pelo sucesso do Bukowski Blues, com a presença de mais de 300 pessoas, numa grande noite de música e poesia.

sábado, 15 de janeiro de 2011

A retórica tóxica

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no Santana Oxente:


A tentativa de assassinato, que culminou com a morte de várias pessoas, da deputada norte-americana Gabrielle Giffords por um “jovem desequilibrado” no estado do Arizona suscita a questão recorrente sobre a violência política nos EUA.

O economista, prêmio Nobel, e também norte-americano, Paul Krugman diz que os EUA estão vivendo um período de crescente intolerância, extremismo galopante.

Provocando uma “onda de retórica tóxica” incentivada por determinados meios de comunicação do país, insuflando ações agressivas armadas tal qual essa mais recente no Arizona. E cita nominalmente a Fox News, poderosa rede de televisão americana.

O certo mesmo é que a extrema direita naquele país vem crescendo bastante e já existem até sub-divisões, cada uma dizendo-se mais autenticamente defensora dos pioneiros fundadores da grande nação do norte que a outra.

Imersos em profunda crise econômica, provocada pelos especuladores financeiros de Wall Street, e que se espalhou pelo mundo, os EUA experimentam um lento e inexorável declínio de liderança, típico das grandes potências em todas as épocas.

Que mais se parece com um declínio em câmera lenta, bem ao estilo do cineasta Sam Peckinpah, norte americano, consagrado pela crítica como “o poeta da violência” em função das cenas magistrais que realizava dando autenticidade e beleza plástica aos momentos de violência em seus filmes.

Talvez estejamos só presenciando um instante mais intenso desse clima em que vivem os EUA, porque nas últimas décadas aconteceram por lá vários crimes de natureza política.

Que eu me lembre, os dois Kennedys, o presidente e o irmão candidato ao mesmo posto, Martin Luther King, defensor dos direitos civis, Malcom X, John Lennon, que ia ser expulso dos EUA por suas atitudes contrárias às políticas externa e interna americanas, e outros.

Na verdade os Estados Unidos estão metidos em um profundo e crônico estágio ideológico de violência cultural e política. Oliver Stone, em “JFK a pergunta que não quer calar”, quis demonstrar em seu filme que esses crimes e atentados não são ações exclusivas de loucos.


Mas isso entra na seara das “teorias das conspirações” que justificam os EUA, “branco autêntico, protestante e original”, predestinados por Deus à liderança mundial, como absolutamente isentos de terroristas e golpistas.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Em 2011 centenário de Nelson Werneck Sodré



O grande historiador marxista, Nelson Werneck Sodré, completaria cem anos de idade em 2011. Para comemorar a data, um grupo de historiadores e intelectuais, juntamente com a filha do historiador, Olga Sodré, iniciaram um movimento sediado, simbolicamente, na cidade de Itu (SP), onde está sepultado.

A comissão formada na última quinta-feira (6), em Itu, em uma reunião realizada no Centro de Estudos do Museu Republicano pretende fomentar iniciativas locais e nacionais para comemorar a data, transformando 2011 no Ano Nelson Werneck Sodré. O objetivo é envolver entidades como a Academia Brasileira de Letras, a Biblioteca Nacional, o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, departamentos de história das universidades brasileiras; foi anunciado também o breve lançamento de uma página eletrônica com informações sobre o historiador e sua obra, a maior parte dela esgotada.

Militar que sempre honrou o compromisso da defesa da soberania nacional e da democracia, historiador e intelectual que nunca mercadejou convicções, foi um dos fundadores na década de 1950 do influente Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB).

Autor de importantes obras sobre a história e cultura brasileiras, Nelson Werneck Sodré nunca abriu mão de suas posições políticas. Para esse grande brasileiro, aquele que não tem posição política não tem alma, como escreveu tantas vezes. É uma personalidade importante para aqueles que pensam o Brasil e almejam um país mais justo e soberano.

Alagoas: o desafio de combater os maiores índices de miséria do País

A Gazeta de Alagoas publicou em sua edição deste domingo, 09 de janeiro, extensa reportagem, assinada pela repórter Carla Serqueira, sobre o desafio contra a miséria em Alagoas.


Logo nos primeiros dias de seu governo a presidente Dilma realizou reunião ministerial para a discussão do programa de erradicação da extrema pobreza no Brasil. A intenção do governo é que o programa se concentre em três frentes: continuidade dos programas de transferência de renda, universalização das redes de serviço, como água e esgoto, e a “inclusão produtiva” da população pobre para que deixe de depender do auxílio financeiro.

O estado de Alagoas necessita de atenção especial nesse combate. Segundo dados do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, do governo federal, é o estado em que existe, proporcionalmente, o maior número de miseráveis do País.

É considerada pobreza absoluta quando o rendimento médio domiciliar por pessoa é de até meio salário mínimo mensal. Em 2009 Alagoas registrou a maior taxa de pobreza absoluta (47,7%) do Brasil, seguido de Pernambuco (42,24%) e Maranhão (41,65%).

Significa que dos cerca de três milhões de habitantes de Alagoas, quase a metade, 1.515.188 vivem na pobreza absoluta, com menos de meio salário mínimo por mês.

Diz-se pobreza extrema quando o rendimento médio domiciliar per capita é de até um quarto de salário mínimo mensal. Em 2009 Alagoas também foi o estado com maior taxa de pobreza extrema (21,42%), seguido do Maranhão (18,34%) e Pernambuco (16,99%).

Significa que dos cerca de três milhões de alagoanos, 676.700 vivem na pobreza extrema, com menos de ¼ de salário mínimo por mês.

sábado, 8 de janeiro de 2011

O ensaio sobre as desigualdades das raças humanas

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no vermelho.org.br, na Tribuna de Alagoas e no santanaoxente.com:


A agenda pós-moderna do século XXI, introduzida como pauta através da grande mídia oligopolizadora, é algo que nos deixa a pensar sobre as coisas verdadeiramente relevantes ao engrandecimento do pensamento da sociedade e de cada um de nós.

Tem sido comum a utilização de índices estatísticos para se determinar verdades, comportamentos na vida social e se baixar decretos, legais ou culturais, de códigos de postura coletivos.

Não que isso venha a ser algo de novo, mas é que ultimamente essa questão assumiu uma dimensão espetacular porque os instrumentos de comunicação e difusão das idéias atingiram proporções incríveis.

O que significa que estamos diante de uma verdadeira revolução tecnológica, mas que também ela em si mesma não quer dizer nada ou até pode vir a ser alguma coisa de tenebrosa se não for acompanhada pela revolução da inteligência.

E a revolução da inteligência provém da elevação dos feitos do ser humano nas artes, nas ciências e na filosofia, em cada época. É claro que a história da humanidade também é feita de cobiça, atrocidades e guerras tremendas. Algumas dessas guerras justas, em virtude da possibilidade de grandes constrangimentos e opressão contra uma nação ou mesmo contra todos os povos. Portanto a justeza ou não de uma guerra é algo a ser relativizado.

Mas o que não pode ser relativizado é a tendência das sociedades em transferir os seus diretos coletivos, e os individuais, para a contabilidade de direitos dos Estados pós-modernos. De tal forma que passam a diminuir sistematicamente os deveres dos referidos Estados e a escassearem os direitos dos cidadãos.

Como também determinadas “comprovações científicas” às vezes não são tão científicas assim porque ou são falsas, ou são superadas pelas pesquisas em permanente desenvolvimento, ou são adulteradas em proveito de ideologias algumas delas não só nocivas como terríveis.

É o que se vê no Ensaio Sobre a Desigualdade das Raças Humanas de 1855 do francês Gobineau, um dos oráculos da teoria sobre a existência das raças e partindo dessa constatação o determinismo cultural sobre raças superiores e raças inferiores.

Gobineau, e outros, com o seu estudo “científico” justificou a escravidão e inclusive guerras em nome de um higienismo, no caso o racial, como foi o nazismo. Só a prevalência da inteligência e da emancipação social humana funcionam como antídotos ao espírito da ignorância e da intolerância.

sábado, 1 de janeiro de 2011

O fenômeno e os imensos desafios

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no Santana Oxente:



O presidente Lula encerra os seus oito anos de governo batendo o recorde mundial de popularidade com 87% de aprovação ao seu desempenho pessoal e 83% de reconhecimento ao governo.

Através de um crescimento econômico substancial e persistente o Brasil viu em suas duas gestões o surgimento de um novo País com uma forte geração de emprego e renda, possibilitando a emergência de dezenas de milhões de brasileiros ao mercado de trabalho formal.

Com isso, surgiu uma nova classe média que por sua vez dinamizou a economia fazendo com que o desenvolvimento industrial e comercial se expandisse como nunca.

Além do crescimento econômico sistemático, o acesso ao crédito fácil a milhões e milhões de pessoas facilitou e impulsionou a produção de bens que por sua vez retroalimentou mais ainda o mercado interno, possibilitando que a nação pudesse atravessar a crise econômica internacional sem recessão e sem sacrifícios.

Esse fato marcante indicou ao povo brasileiro que o governo Lula estava e continuou no caminho certo. A política externa independente conduziu os rumos de um Estado soberano e alinhado aos objetivos geopolíticos das nações emergentes, integrando-a em uma agenda propositiva no cenário da diplomacia mundial.

E isso alavancou o presidente Lula como uma grande referência internacional e mais ainda, na medida em que essa figura é um operário sem formação universitária e oriunda dos confins do sertão nordestino.

Os programas sociais do seu governo retiraram da fome e pobreza absoluta outras tantas dezenas de milhões de compatriotas, o que, mais uma vez, incentivou a aquisição de bens elementares e se transformou, igualmente, em fortalecimento do mercado interno, fazendo com que a roda da economia girasse mais e mais.

A linguagem direta, sem os rebuscamentos típicos do mundo acadêmico, fez com que houvesse uma identificação quase automática e perfeitamente compreensível do seu pensamento com as mais amplas camadas da população.

Com a primeira presidenta do País, Dilma Rousseff, cabe ao povo brasileiro continuar em busca de uma nação cada vez mais soberana, próspera e economicamente desenvolvida.

Os desafios continuam imensos, principalmente em educação, saúde, infra-estrutura, nas desigualdades sociais e regionais e na renda concentrada.